fevereiro 22, 2017

Eu volto!


Espera, eu volto logo.
Vou até ali, descobrir quem sou.
Dar uma volta na vida,
Dobrar a esquina da esperança,
Renovar o visto de humanidade,
Criar um plano de um novo eu.
Mas não vá embora, fique um pouco mais,
Tome um chá de tranquilidade,
Desfrute da paisagem,
Porque logo mais estarei de volta.
Talvez daqui um segundo,
Quem sabe algumas horas,
Ou eu tire um ano de mim.
Mas eu volto.
Pode ser que não me reconheça,
Pode ser que não seja quem você esperava ver,
Mas acredite, sou eu, sempre fui, sempre serei.
Talvez com uma maturidade diferente,
Ou uma jovialidade irreconhecível.
Trarei meu antigo eu na bagagem,
Com memórias e pertences
De todas as fases em que já estive.
E então comemoraremos um novo início,
Um recomeçar constante.
Poderemos rir,  chorar ou simplesmente silenciar.
Se quiser abraços, lá estarei.
Se quiser somente me conhecer, sente-se e conversaremos.
E se preferir ir embora, entenderei.
Mas espera, não desista, eu voltarei.
E daí em diante tudo será novo,
Com a roupagem do que já passou,
Com a coragem de quem entende que precisa mudar.
Espera, volto logo.
E depois, se você quiser mudar,
Ficarei aqui também, a lhe esperar.

fevereiro 08, 2017

Ontem passou...


Por que se preocupar com o que já passou?

Com o dia que terminou...

Com a oportunidade que perdeu...

Com o amor que acabou...

Com o sonho que morreu...

Se não pode corrigir, se não pode desfazer, sempre é possível transformar.

Aproveitar a noite que chegou,

Aprender esperando novas chances,

Buscar um novo amor,

Encontrar dentro de você razão para voltar a sonhar.

Lamentamos muito, vivemos pouco.

Com medo no olhar, não conseguimos ver a beleza de novas experiências.

Com o medo no coração, não é possível construir o dia de hoje,

Muito menos idealizar um novo porvir.

O que já passou tem as cores acinzentadas,

Não possui mais o pulsar da vida,

Faz parte da bagagem,

Mas não é  mais passagem.

É importante, sem ser vital,

É parte do que somos, mas não tudo que seremos.

Aceite, assimile, vivencie.

Mas não faça disso um entrave, 

Hoje será sempre um novo dia,

Aproveite, experimente, invente.

Não se preocupe, se ocupe.

Viva.

Hoje.







fevereiro 03, 2017

Naquele lugar



Ele estava lá.
E também não estava.
O lugar vazio mostrava a sua ausência, mas de alguma forma também apontava a sua presença em dias passados.
Afinal, ele que preparou aquele lugar.
Cultivou a grama, plantou as flores, escolheu o banco.
Percebeu que lá havia sombra nos momentos de sol forte, frescor em contrapartida ao calor.
E havia luz, muita luz, ao longo dos dias.
De noite ele preferia a penumbra do lugar.
O lugar era ele, ou pelo menos parte dele.
Lá estavam os seus pensamentos, os seus planos, as suas dúvidas.
Foi ali que percebeu que estava apaixonado, que recebeu a notícia que seria avô, no mesmo lugar em que descobriu que queria ser pai.
Lá esteve seu melhor companheiro, o seu amigo peludo e foi lá que ele partiu, no seu colo, com suas lágrimas, com sua saudade.
Sempre que precisava, era lá que ele se encontrava.
Ou se perdia, em pensamentos, em leituras, em descanso.
Se alguém o procurasse e não estivesse a vista, sabiam que lá ele estaria.
Um ponto seguro, um banco, um pouco de natureza, um lugar calmo e tranquilo.
Um lugar para os seus risos e tristezas, para o seu momento sozinho consigo mesmo, ou mesmo rodeado por tantos queridos que lá já passaram.
E ela sabia disso. Por isso era lá que ela foi procurá-lo quando ele partiu.
Sabia que ele não estaria lá.
Mas ele estaria lá.
Ela sentou no banco, olhou ao redor, passou a mão suavemente onde ele estaria sentado se estivesse com ela.
E suspirou.
E chorou.
Sorriu.
Ela sabia que tinha que se despedir.
Tinha que dizer adeus, mas preferia um até logo.
Quando a saudade fosse imensa, ela voltaria lá, como ele voltava para relembrar de quem tinha partido antes dele.
E ele estaria lá.
Na verdade estaria dentro do coração dela, mas para que ela pudesse continuar, deixaria esse coração naquele banco, esperando o momento do reencontro.
E assim que ela se levantou, a lágrima secou embora ainda as tivesse dentro de si.
Ele não estava mais lá.
Mas ela sabia que ele sempre estaria por lá.

Naquele banco, naquele lugar, naquele coração.