Não entendo você, que conhece a minha palma, duvidar da
minha alma.
Esquece as dores, esconde as tintas para que eu desista das
cores, vivendo o cinza, o preto e o branco.
Ilude meus sentidos, com promessas e vazios. Diz que vai
passar, mas sabe que vai durar.
Não contei meus segredos, fiz deles verso e prosa, para
enganar quem me vê, quem escuta sem ter a audição da sensatez, quem ignora por
ser mais fácil, que vira de costas sorrindo que eu vi.
Não compreendo suas palavras, soltas ao vento, prefiro
carpir o terreno do que cultivar flores artificias
nos seus vasos do comodismo.
Já disseram que sou heroína, já fui tingida de santa, me
fizeram altar. Desci rápido, meus pés não se encaixaram nos sapatos que me
deram, não consegui para caminhar de maneira diferente das pegadas que deixei.
Acreditei na minha bondade, mas você achou bobagem.
Acreditei nos laços, você desatou todos, fazendo nós que ainda não sei como
desfaço.
Sonhei dias melhores e contei no seu ouvido, mas seu coração
não acalentou, falando que essa vontade passaria, que tudo é apenas aquilo que
se vê.
Enquanto isso, você viveu esses mesmos sonhos, roubados da
minha esperança, sem ao menos permitir meus direitos autorais, afinal eu bem
sabia como deveria ser feliz.
Eu não fui, passei meu tempo lutando, quando não era
necessário. Fiz por todos, acreditei que era melhor assim, hoje não sei mais,
perdi a sabedoria se é que um dia eu a tive, troquei por dúvidas, guardei os
livros nas prateleiras, fechei a porta, esqueci.
Já não sei quem me olha no espelho, mas acredito que você
sabe, no fundo sabe, quem eu sempre fui.
Eu acreditei ser, você não acreditou em mim. Fiz o melhor,
mas parece que você achou que era pouco.
Resta sempre uma flor para se colher, talvez a cultive para
alguém que a mereça, ou até para você.
Fica a certeza que a semente foi minha e por isso leva meu
perfume, mesmo que você negue, seguirei com você para sempre, já que sou parte
da vida que rodeia sua existência.
Eu sou. Assim como você é. Não esqueça que ninguém é
plenamente feliz, se não emprestar essa felicidade para o outro.
Enquanto reconstruo meu dia, espero que seja feliz, quem
sabe assim um dia eu também possa ser. Ou quem sabe todos nós possamos entender
uns aos outros, um dia talvez.
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