A vida segue...
Mas segue para quem?
Para quem foi ou quem ficou?
Segue para quem não percebeu a partida, não chorou na
despedida e nem mesmo acenou um lenço branco na saída?
Ou segue para quem percebeu o adeus, escutou o último
suspiro, cantou a última canção, abraçou apertado no último instante?
Provavelmente segue para os dois tipos, ou melhor, segue
mais, segue para além dos mais diversos exemplos de verdades pessoais, que sabem quem se vai, que não se esquece, que se
esqueceu e se arrependeu, tantos
maneiras de se ver a vida e seus relacionamentos.
Mas será que segue para quem se foi?
O que parte leva saudade ou deixa as bagagens no canto da
sala da existência?
Vai chorar nas tristezas, festejas as futuras alegrias, fará
parte dos dias futuros ou será somente poeira do passado?
Fica o retrato na estante, fica a foto do instante, fica a
vontade de ser mais do que uma lembrança.
Existe quem fica para sempre, que segue com quem vai em
frente, que faz parte, que lembra que o DNA do sentimento faz parte para toda
vida.
Existe quem desaparece igual fumaça quando o fogo termina,
sobrando talvez o carvão da madeira da existência, que simboliza as cinzas da
vida que se apagou...
E ainda existe quem fará das cinzas uma nova vida, será
adubo de sabedoria, exemplo e emoção que não se esvai, simplesmente se
transmuta nos gestos e pensamentos daqueles que aqui ficarão.
Mas uma coisa é quase que uma unanimidade: tem quem não
queira ir e tem quem não queria que fosse.
Mas a partida é obrigatória, desde o momento que a passagem
de chegada é confiscada pelo tempo, que segue, que testemunha às vezes a
brevidade, às vezes a longevidade.
Mas a vida segue. Para quem lembra, para quem esquece. Para
quem parte, para quem fica.
Cada um contando sua história, olhando pela sua janela,
através dos olhos e de sua consciência.
Melhor então, viver hoje, antes da partida, antes da
despedida.
O depois, o que segue, pertence a pessoas diferentes da que
está hoje seguindo a vida que se segue.
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